Hélder Paulo dos Santos Assunção nasceu há 44 anos no Barreiro, onde ainda hoje reside, casado e com dois filhos. Descendente de uma família de desportistas famosos “Os Pirezas”, que se destacaram no futebol, no basquetebol e no remo em clubes do Barreiro, o desporto foi sempre uma constante na sua vida. Aos 6 anos inicia-se no basquetebol no Luso Futebol Clube, onde foi campeão de Mini-basquet. Nos Jogos Juvenis do Barreiro, na altura com grande visibilidade na cidade, foi campeão de basquetebol, atletismo e tiro, mas foi no Remo que mais se destacou. “O remo surgiu na minha vida pelo meu primo Carlos Assunção e do irmão Gilberto Assunção, ambos remadores”, recordou o atleta. Descendente de pescadores e com um gosto especial pelo mar, a modalidade apaixonou-o desde logo. Na época de 1974/75 inicia a prática de remo como federado, representando a CUF, e nos 80 foi “pioneiro na reactivação da Modalidade no Clube Naval Barreirense”. As medalhas de ouro Do seu vasto currículo desportivo constam 17 Títulos Nacionais, 22 Títulos Regionais, dois Títulos Nacionais Remo Indoor e dois Recordes Nacionais Remo Indoor. A nível internacional já conquistou duas Taças Ibéricas, um Título Mundial Masters categoria B em Sevilha 1999, um Título Mundial Masters categoria C em Vichy 2003, e mais recentemente uma Medalha de Ouro na categoria C e uma Medalha de Prata na categoria B ambas na Internacional Masters Banholas 2004. Depois de ter sido Campeão Nacional, o Mundial de Veteranos em 1999 pareceu-lhe o próximo passo. “O Mundial nesse ano era relativamente próximo de Portugal, em Sevilha. Como nunca tinha participado resolvi tentar”, relembra Hélder Assunção. “Quando se parte para um Mundial, sem nunca ter participado, sem saber o nível de adversários que se vai encontrar, é sempre uma incógnita. Preparei-me bem, mas ganhar uma medalha de ouro logo na primeira participação é algo fantástico”. Passados quatro anos parte novamente em busca da medalha de ouro, desta vez em Vichy. O objectivo foi cumprido, mas, para o remador o sabor não foi o mesmo: “ano passado já foi diferente, porque todo o percurso de preparação foi calculado para o alto nível de competição que iria encontrar. O objectivo era tentar ganhar mais uma vez, o que com muito sacrifício e dedicação foi alcançado”. Aliar lazer e competição “O remo em Portugal é uma modalidade cara, um barco de um remador (Skiff) para ser competitivo custa mais de 5.000€, os remos 600€, é necessário um atrelado para transportar os barcos, o que leva a que o número de clubes em Portugal não tenha aumentado nos últimos anos”, explicou-nos este experiente remador. Sendo uma modalidade praticada ao ar livre, o remo está sempre sujeito às condições climatéricas, sendo que a grande parte da fase de preparação realize-se no Inverno e nem todos os atletas que iniciam a época chegam aos campeonatos nacionais. O espirito de sacrificio e a perseverança são, então, características inerentes a qualquer bom remador. Para Hélder Assunção a solução passa por dinamizar mais a vertente do lazer na modalidade. “Penso que no futuro o remo tem que, a nível federativo, mudar as suas linhas de orientação, porque esta modalidade é utilizada em outros países com grande tradição como elo de ligação ao convívio e lazer, sem desprezar a vertente competitiva”. “Assim tenham os atletas barreirenses apoios que os façam ser competitivos, que, de futuro, os campeões vão continuar a aparecer no nosso Barreiro”
Praticante da modalidade desde sempre em clubes do concelho, Hélder Assunção conhece melhor que ninguém os cantos à casa. “O remo no Barreiro sofre, a meu ver, o problema de existirem demasiados clubes no concelho. Actualmente existem 5 clubes inscritos na Federação Portuguesa de Remo, com cerca de 35 atletas no total. Só para termos uma comparação, nos anos 70, a CUF era o único clube com remo no Barreiro e participava com o dobro dos atletas nos campeonatos nacionais”. O que fazer para desenvolver esta modalidade com tanta história no Barreiro? O remador é peremptório: “era necessário que no rio Coina fossem construídas algumas infra-estruturas de apoio, como rampas e hangares”. Para Hélder Assunção, o Barreiro é, realmente, uma cidade desportiva com campeões que a representam nas várias modalidades, assim como ele tem feito em diversas competições. “Mesmo quando éramos conhecidos como a terra mais poluída de Portugal, a nossa vocação para o desporto foi sempre ao mais alto nível. Os famosos Jogos Juvenis do Barreiro foram exemplo desses tempos áureos, sendo esses miúdos os pais dos jovens de hoje. Vai ser difícil igualar pois os tempos eram outros. Hoje os jovens têm outros métodos de diversão e lazer mas continuam a nascer bons atletas”. Para este conhecedor da prática desportiva de nível competitivo, o apoio do estado e de empresas do concelho são essenciais para o aparecimento de novos valores que se destaquem no panorama desportivo nacional. “Assim tenham os atletas barreirenses apoios de várias instituições estatais e privadas, que os façam ser competitivos, que de futuro os campeões vão continuar a aparecer no nosso Barreiro”, defende confiante. “O futuro desportivo passa por tentar adquirir apoios para a compra de um barco, porque com o que treino actualmente e faço competição já não está competitivo”. Continuar a treinar também faz parte dos seus planos, e ainda este ano o nosso campeão participará no Campeonato Mundial Masters-Hamburgo na Alemanha , já em Setembro. A nós resta-nos desejar boa sorte e, claro, bom trabalho.